No século 19, o jornalismo em grande medida representava a frágil sociedade civil diante dos interesses mercantis e estatais, por isso mesmo era comum uma representação social do jornalismo como "quarto poder", acompanhando de perto os poderes executivo, legislativo e judiciário. Ao longo do século 20, o jornalismo ganhou crescente conotação mercadológica, pois as empresas do ramo passaram a crescer e a defender interesses tipicamente de mercado, em concorrência por fatias de mercado. As sociedades civis também se organizaram, em parte, buscando no jornalismo expressão dos seus interesses, de forma que a disputa por espaço nos jornais tornou-se cada vez mais acirrada, agressiva.
A área comercial de um jornal tende a dominar os espaços em cada página, vendendo previamente o que é do interesse dos anunciantes. As redações e seus repórteres disputam os espaços que sobram depois que as páginas e os espaços comercializados já viabilizaram a produção e a distribuição dos jornais. Quando espaços restritos sobram para temas considerados relevantes, as manchetes precisam ganhar uma conotação mais "sensacional". Uma regra geral é a de que, quanto mais notícia existe a ser veiculada, mais atraente precisa ser cada título. Os jornais diários e as revistas semanais têm culturas linguísticas diferentes sobre o que é considerado atraente, que possa vender mais jornais e revistas e portanto manter e atrair mais anunciantes.
Quanto mais notícias cada leitor tem diante de si, menos tempo para cada uma ele dispõe e, por isso, pesquisas têm mostrado que a maioria dos leitores se satisfaz com os títulos e as primeiras quatro ou cinco linhas de cada matéria. Sabendo disso, os editores de jornais e revistas capricham nas manchetes e exigem textos mais "enxutos", diretos, com linguagem mais assertiva, o que favorece um raciocínio dicotômico por parte de repórteres e redadores. O sensacionalismo é a alma do negócio jornalístico contemporâneo e a extensão da propaganda por outros meios. Isso tem implicações para o confronto entre a cultura autocrática e a cultura democrática. A cultura autocrática é mais assertiva, mais direta, mais dicotômica e simplista, enquanto a cultura democrática é mais indireta, mais menos assertiva, mais complexa e dialógica.
No contexto do século 21, na medida em que matérias jornalísticas ganham espaço nas mídias como facebook e twitter, a disputa por linguagem mais dicotômica, carregada de números e imagens que geram sensação nos leitores, também contribui para a representação social do jornalismo contemporâneo. Jornais e revistas atualmente disputam leitores (e anunciantes) nesses espaços virtuais sobrecarregados de leitores desatentos e ansiosos, tomando o número de "curtidas" e "compartilhamentos" como indicadores de "sucesso".
Se por um lado twitter e facebook permitem que os leitores expressem suas ideias, saindo da condição de passividade e contribuindo para uma certa democratização dos meios de comunicação, por outro lado a sobrecarga generalizada das mentes com informações superficiais, imagens e números produzidos para gerar sensação vai na direção contrária à democracia.